quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pedagogia

Mordidas: Aprendizagem ou agressividade?

A mordida é uma forma de agressividade? O meu filho esta se tornando violento?

Porque as crianças mordem tanto? Essas e outras perguntas são constantemente feitas pelos pais. Ninguém gosta que seu filho seja mordido e, no geral, a família inteira se sente agredida ou preocupada quando seus filhos são mordidos ou mordem alguém.

Querem saber quem são os mordedores e, às vezes, sente-se culpados por deixá-los, ainda pequenos, em instituições que tenham tantas crianças desta faixa de idade. Por isso, é interessante que possamos aprender alguma coisa sobre a mordida: será que é um problema sério? O que significa a mordida?

Antes de mais nada, é bom lembrar que é pela boca o primeiro contato que uma criança tem com o mundo! Você já reparou em um bebê de quatro meses? Ele leva mãos e objetos até a boca. Porque será? Para conhecer um objeto, o bebê precisa ter experiências com ele. E nessa idade, o que ele sabe fazer é levar objeto à boca.

Cada vez que ele repete esta ação, está ampliando o seu conhecimento sobre um objeto e sobre as diferenças entre vários objetos: pesos, tamanhos, texturas, formatos diferentes, etc. Claro que estas experiências ensinam formas de ação para o bebê; não podemos dizer que haja elaboração e reconhecimento destas diferenças, pois isso se dará posteriormente, isto é, com a consciência do objeto.
Além destes comportamentos, várias são as formas de comunicação, neste primeiro ano de vida, que implicam no uso da boca, por exemplo, aceitar ou rejeitar um alimento, chorar quando está com fome, etc.

O choro varia de entonação, cada uma delas com um significado diferente, uma mensagem diferente, e os pais já sabem o que cada choro quer dizer, o mesmo ocorre com os sorrisos e o balbucio.
Depois o bebê cresce um pouco mais e começam as mordidas, que também são uma forma de comunicação com as pessoas e uma maneira de perceber o mundo. 1º –o duro e mole podem ser percebidos; 2 – em interação com outra criança, ou com o adulto ocorre uma mordida, haverá uma reação, ou seja, uma resposta social que, para ele, poderá ser nova e surpreendente. Consideramos também estas formas de comunicação como aprendizagem. O novo para criança merece repetição, principalmente quando é reforçado.
Mas não é simplesmente o riso do adulto, os comentários etc., que fazem com que a criança intensifique este comportamento.

As experiências individuais de cada criança frente às situações de vida também influenciam.
Por exemplo, a maneira como ele experimenta e reage ao sentimento de ciúme, a busca de atenção ou exclusividade. A vida em comunidade promove muitas vezes estas experiências.

A criança também pode se utilizar da mordida como reação agressiva a algum sentimento que está sendo impedido de se manifestar. Torna-se ou não um mordedor depende, inclusive, de fatores culturais: é comum os adultos brincarem com os dentes, sensações agradáveis e outras desagradáveis. Claro que esta fase também é rica de imitações...

Mas precisamente ter o cuidado de não rotular uma criança de um ano, um ano e meio como mordedor, sem compreendermos que é uma fase natural. Quando rotulamos uma criança como mordedor, divulgando para adultos e crianças que convive com ela, a fama desta fica perceptível a todos, e a criança começa agir de fato como um mordedor, pois socialmente, todos esperam dela esta reação.

Uma coisa é certa: todas as crianças entre um e três anos usam, freqüentemente, esta conduta para se comunicar, recurso este que praticamente desaparece quando a linguagem estiver mais desenvolvida. Sendo assim, talvez o melhor seja não se preocupar muito com o assunto, deixar claro á criança a dor que sentimos e principalmente, esperar que ela possa nos dizer com as palavras o que tentava nos dizer apenas com as mordidas.

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